Estudo: jogos violentos afetam o cérebro

Um estudo divulgado no final do ano passado, indica que jogos violentos podem causar notáveis efeitos no cérebro de jogadores, diferente de títulos não violentos.

Um aumento de atividades foi notado na região do cérebro que controla emoções, enquanto atividades na área que lida com o autocontrole, foco e concentração teriam diminuído.

No estudo realizado pela Radiological Society of North America, RSNA, 44 jovens se dividiram em dois grupos. Parte deles jogou o título de guerra "Medal of Honor: Frontline" por 30 minutos, enquanto outra parte, se divertiu com o título de corrida "Need for Speed: Underground", pelo mesmo período de tempo.

Após o término da partida, ressonâncias magnéticas funcionais (capazes de monitorar em tempo real) foram feitas enquanto os adolescentes realizam uma série de atividades para observar o funcionamento do cérebro. O tempo de reação e a precisão nas tarefas não foram diferenciados entre os grupos, mas as mudanças nas funções do cérebro foram visíveis nas imagens obtidas.

"Durante tarefas que demandavam concentração e processamento de estímulo emocional, os adolescentes que jogaram os videogames violentos mostraram diferenças distintas na operação do cérebro dos outros adolescentes que jogaram um igualmente divertido e empolgante – mas não violento – jogo", declarou o Dr. Vincent Mathews, autor do estudo e professor de radiologia da Escola de Medicina da Universidade de Indiana.

As mudanças acontecidas no que os médicos chamam de "resposta fight-or-flight" (algo como, resposta bater ou correr, na tradução literal), fenômeno que designa a reação de um indivíduo perante uma situação ameaçadora, parece ter sido ativada após a partida do jogo violento. Os efeitos, no entanto, duraram pouco tempo, mas novas pesquisas serão necessárias para investigar possíveis efeitos por longos períodos.

Para o pesquisador, as razões e efeitos da diferença do funcionamento no cérebro serão importantes pesquisas futuras, mas o estudo atual já foi capaz de mostrar que existe uma diferença entre os dois grupos. A pesquisa deve aumentar as discussões a respeito dos jogos violentos, onde ativistas tentam parar de qualquer maneira a produção de novos títulos.

David S. Bickham, cientista do Center on Media and Child Health, da Universidade de Harvard, diz que mesmo não conclusivas, estas são evidências de mudança biológicas que iniciarão novas pesquisas. O pesquisador recomendou que pais fossem vigilantes com o tipo de mídia que deixam entrar em casa. "Esta é mais uma evidência de que mídias violentas podem levar para comportamentos negativos e agressivos", explicou.

Hoje, estimativas apontam que a indústria de jogos tem um valor de mercado de US$ 10 bilhões anuais nos Estados Unidos, o que deve crescer com a entrada dos últimos dois combatentes na terceira geração de consoles: PlayStation 3, da Sony, e Wii, da Nintendo.