Matemática

Eu era ainda um menino, estava acostumado às cores dos lápis de cor , às massinhas e aos desenhos, quando fui apresentado aquele terrível monstro que provocava arrepios com o simples pronunciar do seu nome. Foi o primeiro susto da minha vida até então doce e serena, naquele momento eu fui formalmente apresentado à Matemática.
Aquela coisa estranha que usava umas letras esquisitas que tinham nomes de centuriões romanos, uns tais de algarismos. Lidei com isso de uma forma mais ou menos conflituosa até que um dia levei o segundo susto da minha vida. Eu havia chegado cedo à escola e estava ainda com gosto pasta de dentes na boca quando ouvi aquela terrível expressão, “tirar a prova dos 9”, que diabos seria isso? Será que em alguma prova, 9 alunos tinham sido pegos colando e tiveram suas provas retiradas? Ou teremos que provar 9 sabores diferentes de um tipo novo de sorvete?
Aos poucos tive que aprender a conviver com essa coisa que rotineiramente me fazia encontrar meus amigos de escola em fevereiro numa festa muito popular naquela época, que antecedia o Carnaval e que se chamava 2. Que época. Ah! Tempo bom aquele da adolescência! Me lembro como se fosse hoje, a puberdade me maltratava o dia inteiro e à noite habitava meus sonhos, sabe, naquele tempo já era possível se extrair raiz quadrada e se não tomássemos cuidado era exatamente isso o que acontecia, por isso era mais prudente extrair a raiz cúbica. Me lembro a primeira vez que extra ví uma raiz quadrada: eu perguntei M.M.C? E ela respondeu: não, M.D.C. primeiro, eu estava tão nervoso que quase tive uma exponencial ao precoce.
Numa tarde eu estava na sala tendo uma aula da famigerada matemática quando o professor me alvejou com aquela terrível pergunta: Qual é o logarítimo neperiano de 2,7? Lembro-me de naquele momento ter sentido um misto de surpresa e raiva, afinal nós não estávamos em uma aula de matemática? Por que motivo desconhecido deveria eu saber o logotipo de alguma coisa? Gaguejei um pouco e o professor, talvez por pena de mim, disse que faria uma pergunta mais fácil: qual é o logarítimo de 10? Olhei fixamente nos olhos dele e pensei: É, como pode ser tão cínico? Tangente que não aprende mesmo, seno eu um aluno que fica o tempo todo cosseno o saco, esse professor agora quer me fazer cometer uma fração disciplinar.
Veio então a trigonometria, a que pensei que termos aulas de panificação, suspeita que aumentou muito, depois que começaram a falar em integral, mas não era não e acabei conhecendo a secante, ah! Se eu já a conhecesse nos tempos dos sonhos úmidos! Ainda bem que depois vieram as aulas de mecânica de automóveis onde aprendi diferencial e depois pude conhecer uma gente muito interessante como Briott-Rufini, Runge-Kuta e outros tantos que tinham muito mais compostura do que o depravado do Pitágoras que promovia orgias entre catetos e hipotenusas.
Bem, mas agora é hora de mudar de assunto porque eu sei que para muita gente esta continua sendo uma má temática.